Francisquinho engoliu a comida. Nem quis sobremesa. Deixou o troco com o garçom. Mascou dois chicletes e foi atrás do conhecido.
Que, por acaso, perambulava por ali. Fazendo a digestão. Como quem não quer nada. Sem camiseta sob o sol escaldante do sábado. Surpreendeu-se em rever Francisquinho em intervalo tão curto.
Ah, desígnios misteriosos os de Dionisos! Fazer nascer, do dia para a noite, de dentro da casca do pacato, comportado, fiel e apaixonado Francisquinho um predador implacável... Só podia ser pândega...
Donald, muito prazer. Nunca se tinham visto antes. Mudara-se há pouco.
Francisquinho propôs ao vizinho apresentar o melhor café. O melhor sorvete. Quem sabe o melhor chopinho do bairro. Donald topou. Também sem nada para fazer no feriadão. A mudança ainda não tinha chegado.
Conversaram toda a tarde. Como se se conhecessem há séculos.
Francisquinho olhou o relógio: caracas! nem vi o tempo passar... Tenho que passear com o Bob. Donald não se fez de rogado. Amava bichos. Principalmente cães: se quiser, te acompanho.
Na portaria do prédio, Francisquinho pensou em convidar Donald para subir. Mas havia os filmes cult pagos adiantado. A louça suja da noite anterior enchendo a pia. O retrato dele e Chiquinho emoldurado. A dignidade, a fidelidade, a sensação de errado. Trocaram os números de celular. Um aperto de mão. Donald abraçou forte o novo amigo. Combinaram uma corrida no parque para o dia seguinte.
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