Francisquinho voltou para a cama. Para sentir o restinho do calor de Chiquinho debaixo do cobertor. Do cheiro de Chiquinho no travesseiro. Do gosto de Chiquinho ainda na boca. Rolou na cama muito tempo, tentando pegar no sono de novo.
Levantou-se por volta das 9. Com Bob arranhando a porta do quarto. Desceu com o cão. Deu uma volta no quarteirão deserto. Subiu, serviu ração e água, tomou banho, preparou o café. Entrando no clima do retiro espiritual forçado.
Bateu uma preguiça enorme de sair, o parque, a piscina, o shopping. Sem Chiquinho tudo perdia a graça. Porque não recolher-se? Enfrentar a solidão forçada? Metódico, anotou as opções na caderneta de recados:
1. locar filmes;
2. separar na estante os livros ainda não lidos;
3. arrumar o quartinho das tralhas;
4. separar as fotos;
5. comprar comida;
6. ligar para Lalá, Lelé e Lili;
7. dançar?
2, 3 e 4 podiam ser feitos a qualquer hora de qualquer dia do feriadão.
7 seguido de interrogação dependia do estado de espírito, do desenrolar dos acontecimentos.
6, quem sabe?
1, 2 e 5 era o mais urgente. As lojas do bairro fechavam ao meio dia. Nem precisava tirar o carro da garagem.
Primeiro o mercadinho. Depois a locadora. 15 filmes. Para devolver só na segunda-feira. Clássicos em preto-e-branco. Comédias românticas. Priscila a Rainha do Deserto para rever pela enésima vez. E escondidos no fundo do pacote, após alguma hesitação, 4 pornôs.
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