segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Chiquinho e Francisquinho - 18


A galera subiu como uma avalanche invertida. Entrou no apartamento na maior balbúrdia. Os olhos de Donald tinham sido obnubilados pela vingança do irascível Apolo? Era a única explicação para o fato dele não só não ter dispensado as visitas mas de convidar todo mundo para sentar.

Donald entrou na onda eufórica deles. Abandonou Francisquinho à própria sorte. Pelado, encostado no tanque, coração disparado, prendendo a respiração, debaixo dos lençóis estendidos, com cheiro de amaciante.

Francisquinho ouvia perfeitamente o que diziam. Com dor lancinante escutava os risos, a voz de Chiquinho sobressaindo-se às vozes dos outros. Uma lágrima furtiva escorreu. Por causa do ridículo daquela situação toda. Criada tão somente pela falta de diálogo. Pelo desgaste da relação. Os jogos de poder. A manipulação. O sufocamento mútuo. A codependência. Etc. Etc. Etc.

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