Mas a crise engendrava-se. Os sinais cada vez mais evidentes. Contrariedades bobas no começo: café fervendo na cafeteira; torrada passada do ponto; tênis jogados na sala; cocô de Bob que alguém esqueceu de limpar; etc.
Chiquinho achava normal. Coisas cotidianas. Problemas de casal. Francisquinho procurava cabelo em ovo. Francisquinho sentia-se culpado. Na obrigação de mudar atitudes. Mudar demandava esforço hercúleo.
Mesmo com a certeza do poder do amor que um sentia pelo outro. Mesmo com fé e perseverança supera-se qualquer obstáculo, frase transcrita por Francisquinho do horóscopo da internet diretamente para o cartão do presente de quinto aniversário do casamento: o cão. O filhote de São Bernardo. Tentativa desesperada. A última antes de apertar o botão para ejetar o banco do aviãozinho. E puxar a cordinha do paraquedas.
Assim, Chiquinho, Francisquinho e Bob viveram felizes. Para sempre. Ou quase. Por mais 3 meses. Até algumas semanas antes do final do período letivo.
Sim, havia Bob. Que ocupava cada vez mais espaço. Na relação entre Chiquinho e Francisquinho. Na varanda do apartamento de frente para o mar. Bob exigia tempo, disposição, atenção. Exigia descer 3 vezes por dia. Exigia veterinário, vacina, reclamação de vizinho. Bob ameaçava as férias no Caribe.
Onde deixar o pobre cãozinho? Os amigos desculpavam-se. Bob era muito grande. Hotel para bicho Chiquinho nem cogitava. Além disso, havia o TCC - trabalho de conclusão de curso.
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