quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Chiquinho e Francisquinho - 19


Foi quando Francisquinho se deu conta. Segurava o celular. Ligado. Gelou-se-lhe o sangue pela segunda vez. Era como se portasse uma granada com o pino puxado. Tremeu. Temeu. Se algum infeliz, ou o próprio Chiquinho, sentisse saudades e ligasse, justo naquela hora, e o danado do celular tocasse?

Francisquinho tremia tanto que tinha medo até de, ao desligar o aparelho fazer qualquer movimento brusco e denunciar o esconderijo. Derrubar sem querer, por exemplo, a caixa de sabão em pó. Imaginava o flagrante, O Peninha, o Mickey e a Minnie, A Maga e a Min – e Chiquinho! – afastando os lençóis e dando de cara com ele ali, pelado como um pinto molhado, tremendo mais que vara verde.

Respirou fundo várias vezes. Até se acalmar. Com muito cuidado desligou o aparelho.

Crente que dessa ele tinha escapado. 

Ledo engano. As desventuras de Francisquinho estavam longe de terminar.

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