sábado, 22 de janeiro de 2011

Tigrinho


Pêlo rajado de preto e amarelo. Pequinês em corpinho viralatas.

Dieta de pão molhado no leite de manhã e antes de dormir. No tapete ao pé da cama. Água só do filtro. Xampu, escova, perfume e laço duas vezes por semana. Xixi e cocô com hora marcada. Só na grama. Vida de mandarim. Alento das tristezas da mãe. Único defeito: fornicar nas pernas das visitas.

Pidinho, por pândega, deu pinga. Misturada ao lombrigueiro. Atacou os miolos. Ficou meio lelé. E surdo por causa do traque amarrado no rabo. A mãe nunca soube. Senão moía o capeta no chinelo.

Até a mãe internar. 2 meses largado. Na mão de empregada. Carrapicho. Fome. Verme. Vômito. Sarna. Desespero da saudade. Das penas na mão do diabo.

Um dia fugiu. Nem passou da esquina. Virgem dos perigos da rua. Não ouviu a musiquinha, a buzina, o guincho do freio da kombi do gás.

Agonizou a tarde toda. Morto de sede, de dor. As perninhas, uma pasta tigrada no asfalto. Por fim descansou. 2 dias depois só a carcaça revirada na caçamba do caminhão de lixo.

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