Apolo tinha mesmo tomado conta da situação. Castigava Francisquinho por ter libado tanto a Dionisos, a Afrodite, a Eros e se esquecido dele, representado pela pilha de filmes cult não vistos durante o feriadão.
De repente Francisquinho ouviu a voz de Min, na sala, elogiando: Que apartamento legal! Em seguida, Donald, empolgado enumerando as vantagens: área comercial, sobreloja, aluguel barato, boa vizinhança, apartamento espaçoso, ponto central, perto de tudo. O assunto rendeu: Dois quartos? Sala grande! Tem cozinha?
Donald respondeu: Tem até área de serviço!
Francisquinho gelou pela terceira vez. A vista escureceu. O coração parou de bater. O peito, uma bola de chumbo. O estômago quis sair pela garganta. Quase desmaiou Pasmo. Pálido. Pronto para subir os degraus do cadafalso. Já sentindo o frio da lâmina da guilhotina decepando-lhe o pescoço. O áspero da corda apertando. O punhal afiado da pitonisa arrancando-lhe as vísceras. A espada fulgurante do anjo expulsando-o do paraíso. O dedo acusador de Chiquinho.
Donald, o mesmo que há instantes compartilhava os fluidos amorosos, esquecera? O local objeto do assunto era justo o esconderijo do amante, do traidor. E se Donald resolvesse mostrar o apartamento aos colegas?
Francisquinho orou com todo fervor ao patrono daqueles dias turbulentos. Prometeu a Dionisos que seria a primeira e a última traição de toda a existência. Ofereceu vinho, uvas verdes, comilança, vela em cachoeira, despacho em encruzilhada, tudo o que o semideus quisesse. Até a alma.
A Apolo prometeu sacrificar 12 bois. Nos moldes de filme trágico com o velho Sir Lawrence Olivier. Assistiria aos 12 filmes.
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